
“Deleta da sua vida”? 4 motivos que podem ter feito o Nubank mudar de ideia com relação às milhas

Que o mercado é dinâmico, todo mundo sabe. As decisões tomadas anos, meses e até dias atrás podem não fazer mais sentido com o passar do tempo. E essa questão parece ter ganhado um episódio clássico nessa última semana.
Se você acompanha mais de perto o mundo dos cartões de crédito, deve se lembrar quando a CEO do Nubank, Cristina Junqueira, recomendou em um podcast que as milhas deveriam ser “deletadas da sua vida” (se esse caso não estiver fresco na sua memória, relembre aqui).
Mas, ironia do destino ou não, na última terça-feira (20), o Nubank anunciou justamente a possibilidade de acumular pontos com o cartão Nubank Ultravioleta. Agora, você pode escolher entre receber 2,2 pontos por dólar gasto ou 1,25% de cashback, com a possibilidade de transferir para programas de… MILHAS AÉREAS!

Nubank Ultravioleta agora oferece acúmulo de pontos
Ou seja, vimos acontecer uma das maiores – e esperadas – mudanças do mundo dos cartões dos últimos anos.
Mas afinal, é ou não é para “deletar essa p…” da vida? O que levou o roxinho a mudar de ideia? Nós temos alguns palpites, e listamos quatro deles neste post.
1) Mercado de milhas está em constante crescimento
O mercado de milhas vem crescendo constantemente nos últimos anos. No período da pandemia, muita gente aproveitou o isolamento social para ter mais conhecimento sobre essa possibilidade, e o resultado é claro: as pessoas gostam de acumular pontos ou milhas.
De acordo com a Latam, o número de passagens emitidas usando milhas aumentou 30% só em 2025! São quase 2 milhões de bilhetes comprados com essa “moeda” neste ano – isso somente com uma das companhias aéreas.
Segundo a ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), havia mais de 330 milhões de cadastros em programas de fidelidade só no primeiro trimestre de 2025, representando um faturamento de R$ 5,8 BILHÕES para essas empresas no período – um mercado e tanto para ficar fora do alcance do Nubank, né?
Em 2023, inclusive, a Livelo chegou a registrar um lucro líquido (ou seja, após deduzir todas as despesas) superior a R$ 1 bilhão!

Mercado de programas de fidelidade faturou mais de R$ 5 bilhões no primeiro trimestre de 2025
2) Programa próprio pode ser lucrativo
Como vimos no tópico anterior, o mercado de programas de fidelidade faturou mais de R$ 5 bilhões só no primeiro trimestre deste ano. Ou seja, a opção do Nubank ter um sistema próprio de pontuação pode ser bem lucrativo para o banco.
Aliás, não seria estranho se, em breve, o roxinho passar a permitir a compra direta de pontos. Uma transação dessas faz com que os pontos pagos tenham um custo menor para o banco ao serem transferidos, tornando assim uma fonte de lucro.
3) Concorrentes já ofereciam acúmulo de pontos
Os concorrentes digitais do Nubank já estão no mundo dos pontos e milhas há algum tempo. O último deles foi a XP, que lançou um programa próprio em junho do ano passado (veja aqui), com possibilidade de transferência para a Livelo.
Mesmo com um tamanho de mercado comparado ao dos bancões tradicionais, o Nubank resistia em entrar na dança, se apegando ao famoso “1% de cashback com rendimento de 200% do CDI”. Vale lembrar que até mesmo instituições bem menores, como o PicPay, também oferecem apenas cashback.
Isso, de fato, não afastou totalmente o público, visto que o banco cresceu muito nos últimos anos, mas o roxinho sabia que era deixado de lado por muita gente, incluindo clientes com bom potencial financeiro.

XP foi o último dos bancos digitais a permitir acúmulo de pontos no cartão de crédito
4) Bancos vêm investindo cada vez mais em busca de clientes de alta renda
Os bancos estão investindo na busca dos clientes de alta renda, e o cartão de crédito é um grande chamariz para esse público. São novos cartões, benefícios mais “parrudos” e até mesmo versões para clientes de altíssima renda, como os cartões Visa Infinite Privilege.
Portanto, oferecer “apenas” 1% de cashback, nenhum acesso a salas VIP em outros aeroportos além de Guarulhos, em São Paulo, e forçar a barra em um bom rendimento em aplicação de renda fixa parecia pouco.
É bem verdade que tem, sim, bastante cliente com muito dinheiro no Nubank, mas outros bancos oferecem benefícios melhores – e a mudança pode estar a só alguns toques na tela de distância, levando toda essa grana para outra instituição quase como em um passe de mágica.
O que diz o Nubank
Oficialmente, o Nubank alegou que as mudanças ocorreram depois de pesquisas de mercado indicarem que os clientes também gostariam de acumular pontos com o cartão Ultravioleta, mas como o cashback também era bem visto, resolveram ter as duas possibilidades, deixando a escolha liberada.
Porém, quem é mais ligado no mundo dos cartões e milhas já sabia faz tempo que isso afastava um bom público do roxinho.
VEJA TAMBÉM:
As mudanças do Nubank Ultravioleta foram, em grande parte, bem aceitas pelo público, mas o fim programado do rendimento de 200% do CDI não agradou os fãs “raízes” do banco. Mas não dá para “fazer omeletes sem quebrar os ovos”, não é verdade?
Além do fim do super rendimento sobre o valor do cashback, o banco também aumentou a anuidade do Ultravioleta, passando de R$ 588 para R$ 1.068, com novas regras claras para isenção: gastos de pelo menos R$ 8 mil na fatura ou R$ 50 mil em investimentos.
Agora é esperar para ver se o cartão vai finalmente ocupar um lugar de destaque nas carteiras – e corações – dos clientes.
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